Fartei-me de ver estrelas pela janela.
Acordamos bem cedo, a jornada de hoje tinha grandes desafios pela frente que acabaram por ser bem maiores do que eu imaginara.
O pequeno almoço foi servido as 7h e lá estivemos sentados a ingerir energias para queimar durante a longa jornada. Café, leite em pó, pão, queijo, marmelada... e outros. Nesta altura foi distribuído o nosso almoço volante fornecido pelo próprio refúgio.
Ajustamos os equipamentos, calçamos as botas e arrancamos eram 7h45m(2027m), por aquela montanha a baixo. Tínhamos aproximadamente 3,8km sempre a descer até uma altitude de 1500mts.
Acompanhamos o Sol a iluminar a outra encosta do Vale de Gavarnie que nos proporcionou belas imagens. A meio da descida, fez-se uma paragem técnica para que o nosso fisioterapeuta(e Cocacolaolico) tratasse das pernas da Conceição e lhe aumentasse o conforto para o resto da jornada. Mais a baixo outra paragem para me colocar em modo calções. O ar não era muito quente mas a maquina pelo exercício efectuado já pedia mais refrigeração.
Hoje tínhamos caches para fazer. E antes da descida tínhamos de encontrar uma, e tirar fotos para outra.
As 9h25, percorridos 2,6km(1700mts) atravessamos uma linha de agua.
Lá continuamos a descida, até começarmos a ver o Circo de Gavarnie, e procurarmos a primeira cache. Eram muitos os GPS's, mas foi a Carla que deu com o tesourinho. Logs feitos, fotos tiradas e siga continuar a descer até "estacionarmos" a porta do Hotel, eram 9h45m(3,7km, 1500mts)
Aquela queda de agua ali ao fundo impressionava... 482 metros de queda de agua... tem um tamanho do carrai..
Fizemos uma boa pausa por aqui. Enquanto uns já comiam da ração do dia, outros agarravam-se as barritas energéticas e outros aos frutos secos. Agua e mais agua.
Simpaticamente os senhores do Hotel aceitaram ficar com o lixo que já tínhamos acumulado e assim fomos mais leves para o que faltava do caminho. E faltava muito.
Após meia hora de repouso colocamos-nos a caminho. Havia um desnível de 1100mts para conquistar.
Iamos em direção aquela enorme cascata e à nossa volta as montanhas eram tamanhas.
A subida foi moderada até aos 5,7km(11h30, 1671mts), embora num certo ponto ainda demos corda as botas pois havia cascalho a cair muito próximo, quando paramos numa bica para abastecer.
Um susto. Olhei a minha volta, vejo umas marcas numa "parede" e não queria acreditar que ia subir por ali a cima. As pernas tremeram.
Iniciamos a subida por volta das 11h45. Por alto, julgo que em 70mts, subimos 150. Uma dureza enorme.
Pior, havia entre nós pessoas com muitas vertigens. Eu mesmo limitei o meu campo de visão apenas aos meus pés, minhas mãos e pés do colega da frente. Era impossível olhar para o lado pois o desfiladeiro era de uma altura que metia medo. A maior parte dos acidentes dados na zona de Gavarnie era exactamente aqui.
Uma enorme entreajuda entre os 14 facilitou muito a ultrapassagem de grandes obstáculos que fomos encontrando pelo caminho. Andamos no limite... muitos de nós íamos ultrapassando aquilo que achávamos ser os nossos limites. Varias vezes.
A dureza da subida obrigava-nos a parar varias vezes para comer/beber. Os frutos secos começaram a sair com mais frequência.
O Xará foi sempre o rebocador de serviço, as vezes literalmente... sempre a impor bons ritmos apesar de não serem, de longe, os dele.
As 13h57(6,6km, 2204m) encontramos uma bica. Abastecemos todos de água e reagrupamos o grupo que já vinha bastante alongado, e muita gente já desgastada.
Todos esperávamos pelo momento de ver o refugio aparecer a frente dos nossos olhos, o que aconteceu por volta das 15h(7km, 2325m).
Bem ao fundo lá aparecia o Refugio de Sarradets onde iríamos passar a próxima noite. enquanto uns pensavam em beber uma Coca-cola quando chegassem ao destino outros pensavam em beber o Vinho do Porto :) A partir daqui foi "navegação há vista".
Nas calmas, lá se foram percorrendo os metros finais, contemplando o que natureza nos dava e o pouco que o homem ali tinha feito.
As 16h25(8,2km, 2567mts) lá chegamos os primeiros ao Refugio.
Com algum esforço conseguimos regressar 3 para dar uma mãozinha a carregar as coisas de outros.
Já com todos no refugio lá fomos conhecer os aposentos. Um beliche de 3 andares, coisa nunca vista. Os 14 num quarto minúsculo, frio não haveríamos de passar. Não se podia dar a volta "na cama" devido a falta de espaço.
Entretanto enquanto a maioria tratou da sua higiene, dentro do que era possível, outros ainda foram visitar a Brecha de Roland antes de jantar.
Acompanhamos um resgate de helicóptero mesmo ali.
Acabamos com o vinho do porto ainda antes de jantar, num belo final de tarde, onde o Peixoto Lima queria despachar a todo o custo a maior quantidade de frutos secos que conseguisse.
São horas de jantar(19h) e toda a gente se reúne na sala para repor energias. Mais um belo jantar, desta vez acompanhado de vinho. Queijos, sopa, :::::::::::::: , foi de pança cheia.
Após o jantar la se deu uma olhada no mapa, houve quem já começasse a ver as fotos anteriores e outros apenas conversavam. Lá fora estava muito fresco devido a neve que rodeava o refugio e também a altitude.
Combinamos com os responsáveis do refugio a nossa saída matinal. Era obrigatório libertar o refugio antes das 8h para que a partir dessa hora o mesmo pudesse ser abastecido pelo helicóptero. Ficou combinado deixar as nossas mochilas bem arrumadinhas na entrada, enquanto íamos visitar a Brecha de Roland, para não serem empecilho caso o abastecimento começasse antes da nossa chegada. Fomos muito bem tratados neste refugio.
Mais uma vez não esperei para ver estrelas, e fui descansar bem cedo :)
Combinamos com os responsáveis do refugio a nossa saída matinal. Era obrigatório libertar o refugio antes das 8h para que a partir dessa hora o mesmo pudesse ser abastecido pelo helicóptero. Ficou combinado deixar as nossas mochilas bem arrumadinhas na entrada, enquanto íamos visitar a Brecha de Roland, para não serem empecilho caso o abastecimento começasse antes da nossa chegada. Fomos muito bem tratados neste refugio.
Mais uma vez não esperei para ver estrelas, e fui descansar bem cedo :)